No dia 25 de março, o Capítulo Geral 29 elegeu o maltês padre Fábio Attard como Reitor-Mor dos Salesianos. Em entrevista à revista Vida Nueva, o XI Sucessor de Dom Bosco destacou os desafios da Congregação.

Identidade e missão

O novo Reitor-Mor apontou a identidade como principal desafio da Igreja e da Congregação. “Numa sociedade dividida, discutir a identidade proporciona oportunidades singulares para compreender a realidade e o que somos convocados a ser e a oferecer”, afirmou. Ao recordar Dom Bosco, D, Fabio Attard ressaltou a espiritualidade encarnada do fundador. “O Capítulo fez um apelo para que sejamos apaixonados por Jesus Cristo e apaixonados pelos jovens”, disse.

Interculturalidade e carisma

Questionado sobre a interculturalidade, o Reitor-mor destacou a necessidade de harmonização. “Nosso carisma vem do Espírito e se traduz em categorias culturais. Esse carisma se faz presente em ambientes cristãos, em não crentes e em indiferentes”, declarou. Dom Attard destacou ainda o desafio multicultural em escolas europeias. “Há turmas com até 40 nacionalidades. É necessário atuar nas semelhanças e incentivar a convivência, evitando guetos”, explicou.

Crise vocacional e minoria criativa

Sobre a crise vocacional, o Reitor-mor relacionou o fenômeno à secularização. “A Europa possuía cristianismo cultural, mas não necessariamente cristãos. Agora temos uma minoria pequena, mas criativa”, disse. Dom Fabio Attard também citou o compromisso dos leigos na missão. “Entendemos que, nos processos pastorais, não devemos oferecer produtos, mas experiências”, afirmou.

Presença em zonas de guerra

Desde os seus primeiros discursos, o Reitor-Mor recordou os salesianos que atuam em áreas de conflito. “Quando falo com eles, dizem: não precisamos de nada, pedimos apenas acompanhamento e oração”, relatou. Ele chamou esses religiosos de testemunhas atuais. “Esses irmãos não pensam em se afastar. São mártires modernos”, declarou.

Responsabilidade pessoal

Sobre sua missão, Dom Fabio Attard revelou a dimensão espiritual do cargo. “Pouco posso fazer em termos materiais, mas me esforço por sinais de proximidade, fraternidade e oração contínua”, afirmou. Ele também comentou o contato com as comunidades. “Agora, para essas pessoas, não sou apenas Fábio: sou o Sucessor de Dom Bosco”, disse.

Eleição e sinodalidade

Ao recordar sua eleição, o Reitor-Mor ressaltou a surpresa. “Não consigo explicar como me senti quando recebi a ligação do CG29”, contou. Ele afirmou que a metodologia sinodal deve permanecer como paradigma. “Estamos numa nova fase, alinhados com a escuta do Espírito e o discernimento”, explicou.

Leigos e governo

O Capítulo aprovou, em caráter experimental, a possibilidade de salesianos coadjutores atuarem como diretores. “Temos tradição que associa governança ao sacerdócio. Agora retomamos a reflexão com o Papa Francisco”, declarou.

Juventude e esperança

O encontro terminou com uma peregrinação jubilar. “A esperança não consiste em aguardar o que já não existe, mas na tensão do já, mas ainda não”, afirmou. Ele concluiu com uma mensagem dirigida à juventude. “Devemos plantar nos jovens as sementes da esperança e mostrar-lhes um vislumbre do futuro”, disse.

Com informações: ANS